Os fundamentos não mudam, lide com isso
Já está na hora de começar a se importar com o que realmente vale a pena, né?
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Uma das literaturas que me acompanha neste ano, é Same as Ever: A guide to what never changes (Portfolio Penguin, 240 páginas), onde Morgan Housel aborda 23 histórias que nunca mudam ao longo do tempo. Gosto de chamar isso de ‘fundamentos’.
Olha que interessante, Housel aborda uma dessas histórias no livro, contando que em 2009, o famoso investidor Warren Buffett conversava com Jim e perguntou qual era a barrinha mais vendida em 1962. Jim não sabia que era o Snickers. Bom, 47 anos depois, o Snickers continua sendo a barrinha mais vendida.
Para refrescar sua memória, no segundo semestre de 2008, o banco americano Lehman Brothers, com seus 158 anos de vida, quebrou com a famosa crise das hipotecas. Jim, na conversa com Buffett, questionava para onde a economia iria após esse episódio difícil na economia americana — e mundial.

Entender das coisas que não mudam nunca, facilitam demais nossa carreira, sejam nas tomadas de decisões ou simplesmente, ‘dançar o baile conforme a música’.
Jared Spool — considerado um ‘guru’ de UX —, definiu muito bem as cinco coisas que os executivos se importam:
Aumento de receita, redução de custos, aumento de novos negócios e tamanho de mercado, aumento de receita dos clientes atuais e aumento de valor para stakeholders.
Essa citação pode ser encontrada no magnífico livro Outcomes Over Output (Sense & Respond Press, 88 páginas), de Joshua Seiden.
Por que é importante entender isso?
Porque é em relação a isso que somos cobrados em nossos trabalhos. Não é a jornada ideal do usuário, não é o melhor método utilizado, não é a melhor ferramenta de produtividade. Nada disso importa se não for relacionado com um dos cinco pilares que qualquer empresa se preocupa.
Duro, eu sei, mas quanto antes entendermos isso, melhor será o direcionamento das nossas carreiras.
Veja, nem todo mundo é executivo ou quer se tornar um, respondendo pela empresa ou de fato, direcionamento ações estratégicas que farão a companhia ir do lugar A para o B, mas, a ação de todos é responsável por fazer isso acontecer. Nenhuma empresa ficará no mesmo lugar com a força do trabalhador indo na direção correta. E o mais importante disso tudo, é se atentar aos fundamentos dos negócios, pois eles não mudam — seja na época da revolução industrial, seja hoje na era da IA.
Ram Charan, em sua obra O que o CEO quer que você saiba (Editora Sextante, 160 páginas), diz que “a linguagem dos negócios é a mesma” e que “ganhar dinheiro nos negócios envolve quatro pilares”
Satisfazer as necessidades dos clientes com mais eficácia do que a concorrência;
Gerar caixa;
Produzir retorno sobre o capital investido;
Manter uma rentabilidade crescente.
Entender isso nos coloca para jogar uma liga superior em nossas carreira. Passamos das discussões inúteis como ‘o sexo dos anjos’ e começamos a olhar para o que de fato faz sentido e muda o ponteiro do nosso negócio.
Mas, quando falamos de fundamentos, não estamos falando apenas dos negócios. Podemos trazer isso para a realidade das nossas carreiras.
Recentemente, o Figma, uma plataforma colaborativa de design, muito usada pelas principais empresas tech do mundo, anunciou durante sua conferência Figma Config, uma grande novidade em seu software com IA embutida, chamando-o de o “lançamento dos fundamentos da próxima década”.
Qual foi a maior discussão na comunidade de Design a partir disso?
Exatamente isso que a Claudia Mardegan comentou em seu brilhante post no LinkedIn.
Isso é falar o básico e que todos os profissionais deveriam saber desde o início. O foco precisa ser os fundamentos.
Outra discussão me chamou muito atenção, foi a dica de um mentor aos profissionais mais juniores, para aprender “tudo que for do hype do momento”, que é o grande diferencial. Será mesmo? Imagina quem direcionou sua carreira em NFT recentemente, deve ter se dado muito né, certo?
A Isabelle Oliveira tocou na maior ferida e ponto de dor de muita gente.
O que me deixa tranquilo é saber que ainda existem profissionais competentes e que falam o que precisa ser dito para o público, principalmente ajudando quem está iniciando uma nova carreira, a não cair em papinho de vendedor de curso mais raso que um pires. Exemplos assim podemos ter aos montes.
Mas a IA roubará nossos empregos?
Se todo nosso trabalho for dominar uma determinada ferramenta de trabalho, pode ter certeza que a substituição não é questão de “se”, mas de “quando”.
O mesmo vale para qualquer profissão digital. Enquanto o objetivo não for a dominância dos fundamentos, ficaremos reféns de frameworks de trabalho, de ferramentas ou nas inúmeras tentativas de copiar estratégias dos livros.
Quando olho para a minha carreira em produtos, consigo enxergar o mesmo. Entra ano e sai ano e as mesmas discussões sobre frameworks, quando, na verdade, o verdadeiro foco deveria estar em aprender sobre como a empresa funcional, já que um Gerente de Produtos nada mais é do que o executivo do negócio no direcionamento do produto, resolvendo um problema do usuário gerando lucro para a companhia.
Veja, saber frameworks é importante, te dá liberdade de resolver problemas que aparecem no dia a dia, a organizar o fluxo de trabalho, mas ele não é o cerne da questão, muito menos uma funcionalidade em sua ferramenta preferida. Como bem pontuou Jared Spool sobre as coisas que os executivos se preocupam, saber como foi feito o trabalho, definitivamente não é uma delas. O resultado SEMPRE será mais importante que tudo!




Em transição de carreira para produtos, é muito bom ler textos que alertam qual a prioridade de um PM. Já quis ter mapeado quais frameworks seriam utilizados em cada etapa, agora além da aplicabilidade, eu me questiono: qual o valor espero retirar com isto? Onde pretendo chegar e pq? Obrigada pelo seu texto.